O mar simboliza a dinâmica da vida, retratando as suas inúmeras transformações. Ora prima a acalmia, ora reina a intempérie. Com tais voláteis sensações, não é de estranhar que muitos se deixem por ele apaixonar. Gregos, fenícios, romanos e vikings muniram as suas atenções para o mar. Cedo perceberam a sua capacidade de gerar riqueza e alimento, empregando esforços em viagens sem fim e desafiando as ondas incertas. Em Vigo, a cidade construiu-se em torno do mar. Ali desembarcaram diversos povos, incluindo guerreiros e piratas.
A indústria, o comércio, a cultura e o turismo têm acompanhado o passar dos tempos, tendo o mar como pano de fundo. Das águas surgiram empresas e meios de transporte. Criaram-se restaurantes, edificaram-se prédios e alargaram-se serviços. Indubitavelmente, é no mar que reside a maior fonte de sustento deste povoado galego. Vigo é cidade devido à imponência do seu mar. No passado, presente e futuro, dificilmente o cenário divergirá: Vigo continuará a ser mar e o mar continuará a ser Vigo.
Da Estação Marítima da Ria partem diariamente incontáveis embarcações. Iates e cruzeiros vão ali atracar, partilhando o mesmo espaço que os locais. Ricos e pobres encontram ali um pouso onde pretendem ficar. Ponto de chegada e de partida para muitos, quem aí for deve ultrapassar o reboliço turístico. Claramente, deve desconectar-se da azáfama da época alta dos veraneantes e desfrutar da magnífica paisagem. Deve permitir-se sonhar, sentir, relaxar e desfrutar. Deve ligar-se ao meio ambiente envolvente. Entre a euforia citadina e a personalidade das ondas, deve encontrar a sinergia.
Voltando à Estação Marítima da Ria, a sua importância é tal que dali partem também as excursões para as Ilhas Cíes. Sim, esse ‘paraíso dos deuses‘! Enquanto se aguarda a vez numa longa fila de espera, ouvem-se diversos idiomas e multiplicam-se os dialetos. Compreensivelmente, o Português é uma presença dominante. Junto dos irmãos galegos, um ‘hola’ basta para suscitar um agradável diálogo. Se o mar de Vigo for como as suas gentes, então, podemos dizer que se trata de um mar amigo. A humildade e simpatia que emanam faz-me querer mudar para a Galiza.
Num passeio pela marginal rapidamente nos cruzamos com jardins, onde brotam as flores. As esplanadas avistam-se e aguçam o apetite. No entanto, é Júlio Verne quem merece toda a atenção. Senhor de grandes obras literárias, o francês encontrou em Vigo um mar de inspiração. Conhecedor da batalha de Rande – entre as coligações anglo-holandesa e hispano-francesa, em 1702, durante a Guerra da Sucessão Espanhola -, o escritor adotou o mito. Com muitas ‘ganas’, dedicou um capítulo inteiro de “Vinte Mil Léguas Submarinas” à cidade galega e, segundo contam, a este episódio. De facto, a destruição dos galeões castelhanos ainda hoje faz sonhar os visitantes. Acredita-se que nas profundezas do mar de Vigo, algures, encontram-se os destroços das embarcações com um tesouro imensurável.
Todavia, esta é apenas uma de variadas histórias e lendas. Muitas outras poderiam ser aqui contadas. Na era das Invasões Napoleónicas também por estas águas se travaram diversos conflitos. Escondidas no fundo do mar e protegidas por peixes e golfinhos, devem estar pedaços de ouro e de prata. Porém, o maior tesouro está mesmo ali à vista de todos: é o mar. Porque Vigo é mar. E o mar é a vida de Vigo!
Adorei o texto, parabéns! Já tô curiosa pra conhecer!
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Obrigada pelo seu comentário Roberta 🙂 Volte sempre!
Um abraço
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quanta poesia num só texto, fiquei imaginando como deve ser tranquila agora em tantas guerras
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obrigada pelas simpáticas palavras… tenho seguido o teu blogue, virei fã, mesmo! 🙂
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Eu adoro mar. É um força impressionante, uma energia incrível. Gostei do texto! Parabéns!
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O mar tem aquele efeito único de nos fazer esquecer as vicissitudes da vida. Obrigada!
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Bem simpático o seu texto nos remetendo bem ao lugar. Ainda não conheço mas deu vontade de colocar na lista de desejos. Valeu a dica.
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Um lindo lugar e muito poético o seu texto. Gostei bastante de seu olhar sobre a região.
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Muito obrigada! É, certamente, um olhar apaixonado, confesso 🙂
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Adoro a Galiza e as Cíes, mas Vigo fica um pouco de fora desse carinho. Acho que a cidade pode e deve melhorar muito em termos de paisagem urbana… mas que se come lá muito bem, disso não há dúvidas
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Vigo distancia-se um pouco das outras grandes cidades galegas, como Santiago ou a Corunha, mas cativa-me igualmente.. O centro histórico é igualmente bonito, agora, sem dúvida, a gastronomia está no topo dos motivos para visitar Vigo 🙂
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Que lindo deve ser este lugar… fiquei aqui imaginando os jardins com flores pertinho do mar. Deve ser gostoso caminhar por lá.
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É mesmo, uma delícia, literalmente!!
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Não conheço a regiao, mas adorei o texto ! Espero conhecer em breve!!! Parabens pelo texto
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Muito obrigada, fico muito contente por ter gostado do texto! Volte sempre 🙂
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O mar é maravilhoso demais mesmo! Um verdadeiro tesouro a vista realmente! Lindo texto! 🙂
Vigo parece ser uma cidade de linda natureza e história. Duas ótimas combinações! ♥
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Sem o mar e as suas belas ilhas, Vigo não seria o mesmo! 🙂
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Galícia é um desses lugares que sempre ficou no meu imaginário, além de Vigo quero conhece muito essa parte da Espanha e também a fronteira com Portugal. Adorei o texto!
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Eu sou suspeita… porque uma breve consulta ao meu blogue basta para perceber o quão apaixonada sou pela Galiza, mas acredite que vale a pena conhecer cada pedacinho desta região e sem esquecer, claro, o Alto Minho (em Portugal). Obrigada pelo comentário 🙂
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