Entre ódios gritantes e inquietudes desconcertantes
Acérrima hipocrisia que vangloria os poderosos
Dúbia piedade para quem neste mundo
Teve a infeliz ideia de se apresentar moribundo
Qual vagabundo aquém dos ideais supérfluos
Desta triste sociedade repleta de pedantes
Se isto é um Homem…
Entre infames simpatias enchem-se os ignorantes
De peito cheio rejeitam acolher os tenebrosos
Encarando-os como algo um quanto imundo
Refutam o resgate dos que jazem no fundo
Mas soltam louvores a outro tipo de indivíduos
Daqueles que se afirmam como predominantes
Se isto é um Homem…
Entre fingidas alegrias e vénias arrogantes
Acenam mormente aos audazes caprichosos
Munidos de inveja e maledicência neste mundo
Auspiciam o lugar de quem aparenta ter tudo
Porquanto, seja entre os valorosos ou ingénuos
Nesta vil sociedade dominam os intolerantes
Se isto é um Homem.
Nota: Longe de ser uma qualquer cópia, ou aspirar a suster-se da mesma qualidade de Primo Levi, apenas o título deste poema foi inspirado no nome da obra “Se isto é um Homem”, do autor italiano.