É cliché contudo, não deixa de ser verdade, o Porto está na moda. As ruas enchem-se de turistas, espaços gourmet e atividades de lazer. No entanto, dentre este reboliço mediático, é necessário saber preservar a memória, identidade e essência da cidade. Fonte de inspiração para poetas, autores e artistas de várias artes, a invicta continua a surpreender, mantendo a capacidade indelével de se reinventar. Apesar do grosso modo dos novos edifícios serem cimentados na quimera do branding, ainda se encontra quem prefira manter-se aquém de utopias comerciais.
Guiados pelo sonho de contribuir para o retomar da glória livreira doutrora, Cátia Monteiro e Arnaldo Vila Pouca criaram um espaço que merece, no mínimo, uma visita: a Flâneur. Os dois amigos instalaram-se na Rua Ribeiro de Sousa, lá para os lados da Constituição, numa antiga divisão dum palacete e hoje gerem um dos mais interessantes estabelecimentos literários portuenses. Neste espaço inovador, em que os clientes são amigos e vice-versa, renasce em nicho de afeto a crença de que o amor pelos livros veio para ficar.
A Flâneur é muito mais que uma simples livraria. Trata-se dum local de convívio onde a música clássica marca o compasso do folhear das páginas. Entre o culto à prosa e poesia louva-se, em perfeita sincronia, o prazer energético da cafeína, ou do relaxamento terapêutico do chã. São poucas as mesas disponíveis que convidam a sentar e desfrutar da serenidade do momento, contudo todos os que aí entram são bem-vindos. Não se pretende que saiam para jamais voltarem. Na Flâneur valora-se a primeira visita e admira-se cada regresso.
Pedalar pelo amor à literatura
Cátia e Arnaldo conheceram-se quando ambos trabalhavam na Bertrand. Todavia, estavam insatisfeitos com a rotina extenuante em que estavam mergulhados. Fruto de uma grande amizade e da generosidade alheia, começaram a pedalar, literalmente, pelo amor à literatura. Com a Flaneurie, nome dado à bicicleta oferecida pela Urban Cycle Café, percorreram alguns dos mais emblemáticos locais do Porto. Da Praça Carlos Alberto ao Passeio das Virtudes, sem desmerecer as sempre entusiastas feiras dos livros, tornaram-se presença assídua do meio.
Em pouco tempo, os dois amigos decidiram criar os ‘Amigos da Flâneur’, que se revelou fundamental para a materialização do seu sonho. Devido a este programa que ainda hoje subsiste, com o pagamento simbólico de uma anuidade de 12 euros, reuniram as condições necessárias para a abertura do seu espaço. “A Flâneur apenas existe por causa da bondade das pessoas”, admite Cátia Monteiro, em conversa com o Crónicas de Utopia.
De facto, o espírito de proximidade é uma das caraterísticas mais proeminentes da Flâneur. Não obstante a existência do local físico, este projeto continua a apostar na sua alma errante livreira. Embora multipliquem-se as estantes e os livros, persiste, assim, a vontade de pedalar pelo amor à literatura. De tal modo, que os clientes não precisam de sair do conforto dos seus lares para desfrutarem dos melhores títulos e autores. Com um serviço de entrega totalmente gratuito, os donos da Flâneur vão ao encontro dos leitores, seja no Porto, Matosinhos, ou em Gaia.
Catadupa de atividades em ambiente de partilha
Nunca é demais repetir que a Flâneur não é uma livraria qualquer. Os livros, cafés e chás são personagens num espaço onde as atividades enriquecem o enredo. Com brunches temáticos, workshops, oficinas e clubes de leitura, apresentações de livros, quizzs literários, tertúlias e encontros com autores, a ideia passa por tirar as pessoas do conforto dos sofás. “A necessidade de sobrevivência leva as livrarias a adaptarem-se aos novos tempos. Não basta esperar que as pessoas venham até nós, pelo que também é preciso saber cativá-las”, sublinha a simpática Cátia.
Portanto, não é de estranhar que pela Flâneur tenham já passado nomes como, por exemplo, Pedro Eiras, Sousa Dias, Afonso Cruz, Paulo Moura, Rui Lage, ou Gonçalo M. Tavares. Certamente, muitos mais seguir-se-ão, pois a tendência é para continuar. A par de uma seleção criteriosa de obras provenientes de editoras alternativas, a Flâneur afirma-se como um ponto de encontro para leitores e artistas. Incitam-se conversas, partilham-se opiniões e criam-se laços tão ímpares que fazem desta livraria uma segunda casa para muitos.
“Os livros promovem uma relação com as pessoas, muitos dos nossos clientes ficam nossos amigos e passam a vir cá mais vezes. Trata-se duma livraria para um nicho e o nicho volta sempre. Quem gosta de ler nunca vai trocar um livro em papel por um tablet!”, remata Cátia Monteiro. Parece que à semelhança dum flâneur, que livre e entusiasticamente contempla o meio envolvente, este estabelecimento livreiro portuense não só está de boa saúde, mas também recomenda-se.
Todas as fotografias deste post foram gentilmente cedidas e pertencem à Flâneur.
+INFO Flâneur
Morada: Rua Ribeiro de Sousa, 225-229 (Constituição), Porto
Tel: 912110954/ 916961281
Web: http://www.flaneur.pt/
Facebook: facebook.com/flaneurlivros
E-mail: livraria@flaneur.pt
Mas vai ficando atenta… Aqui pelo Crónicas de Utopia irão sair mais sugestões dentro desta temática, de turismo rural, etc. Pode ser que alguma das minhas ‘dicas’ te interesse e fique mais perto de ti! 🙂 Beijinhos
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Parece ser super interessante 😀
Beijinhos,
http://www.pirilamposemarte.com
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Acredita, é super interessante mesmo! É uma das mais cativantes livrarias portuenses, merece mesmo uma visita 🙂 Obrigada pelo teu comentário e espero que os meus textos continuem a merecer a tua atenção. Um beijinho grande!
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Pois infelizmente fica-me fora de mão mas, um dia quem sabe 🙂 Ora essa não tens que agradecer.
Beijinhoos
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