Não é somente a inércia a culpada de tudo
Recorremos à falta de tempo como desculpa
Uma meia-verdade tingida pelas cores da mentira
Repetimos espiritualmente para interiorizarmos
A falácia gerada monótona e desesperadamente
Queremos adiar e disfarçar o mea culpa
É muito mais fácil deixar a locomotiva passar
Queixamo-nos da falta de movimento
Choramos compulsivamente pelo que poderia ter sido
Mas nada fizemos para ter atingido
Não temos culpa… a falta de tempo é a desculpa
A falta de tempo para viver, crescer e aprender
A falta de tempo que nos impede de amar
A falta de tempo que nos impede de desfrutar
É muito mais fácil ver a locomotiva passar
Corremos sem sopro para chegar à estação
Lamentamos a perda do lugar na viagem
Nada poderíamos fazer para alterar o fado
De azarados sem vapor para fazer a máquina andar
Estamos cansados desta mecânica
Deixamos a locomotiva partir, logo a seguir haverá outra
Mas um dia terminam-se as locomotivas,
Encerram-se as ferrovias,
E ficamos solitariamente apeados
Porque tememos abandonar a inércia da vida.