Situada nos socalcos da Serra da Freita, a 625 metros de altitude, a aldeia do Trebilhadouro é conhecida pelos valecambrenses e habitantes dos concelhos vizinhos. Hoje em dia, no entanto, quase podemos afirmar que o seu nome chegou a praticamente todos os cantos de Portugal. Há uns tempos atrás tal constatação poderia soar a exagero, contudo poucos se atreverão a contrariar aquilo que é, de facto, uma realidade.
Em diferentes órgãos de comunicação social têm-se multiplicado os artigos que relatam a beleza e pureza deste recanto valecambrense. Abandonada pelo último morador quando o novo milénio era ainda uma miragem, a aldeia renasceu das cinzas da solidão, ao abraçar um presente, com um futuro repleto dum frenesim de forasteiros. Encontram o Trebilhadouro vindos dos mais variados destinos, por vezes até do estrangeiro. O projeto de requalificação – distinguido em 2015 pelo Instituto de Habitação e de Reabilitação Urbana – foi um sucesso e os resultados estão à vista.
Com diversas opções para alojamento, as quais são exploradas por mais que uma entidade ou indivíduo, criaram-se as condições para que o Trebilhadouro emergisse nos mais afamados roteiros de Turismo Rural. As casas revestidas a pedras graníticas retratam o pulsar doutros tempos, quando o ritmar do quotidiano era marcado pela labuta agrícola em vez de estar refém das notificações das redes sociais nos smartphones. As eiras e os canastros recordam desfolhadas e vindimas passadas, ocasiões em que os aldeões tocavam e trabalhavam ao som das típicas concertinas.
Em cada caminho percorrido é evidente a raça de um povo que durante séculos se dedicou à arte do cultivo, ao sabor simples da vida do campo, longe da azáfama das urbes. Nesta aldeia, antes esquecida, as memórias antigas permanecem vivas. Os costumes daqueles que lá moraram são, inclusive, anualmente celebrados no Festival de Tradições do Trebilhadouro. No passado mês de março, e com as portas das casas abertas para os curiosos e interessados, a aldeia encheu-se de cor, música e alegria.
Ao entrar nas habitações é visível a preocupação em preservar a identidade dum passado humilde, mas digno de ser continuadamente celebrado. O design de interiores foi, assim, concebido em articulação com os traços d’outrora e os d’agora: predominam as camas de ferro, as toalhas em renda, os adornos floridos e as madeiras afastadas do espírito contemporâneo dos móveis do IKEA. Em alguns casos, é possível desfrutar dum relaxante banho de piscina. Imagine-se no verão, tendo apenas a natureza para companhia e uma vista que peca apenas pelas marcas crassas da fúria das chamas, sem que tenha perdido, mesmo assim, um sopro de serenidade.
Inserida na rede de Aldeias de Portugal, a povoação do Trebilhadouro reconstruiu-se verdadeiramente, pedra sob pedra, merecendo um claro lugar de destaque no imaginário nacional. No Trebilhadouro recuperou-se o sabor da vida e o calor da atividade humana;muitos desejarão envolver-se entre a doçura da natureza e as águas do mar a perder de vista. Perdeu-se uma aldeia para habitar mas ganhou-se, inegavelmente, um sítio para admirar.
Poesia em post! Muito legal saber sobre um lugar que tem preservado suas memórias e reescrito sua história.
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Muito obrigada Carol, volte sempre! 🙂
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Nunca tinha ouvido falar em Trebilhadouro, adorei sua visão e relato poético do lugar. Já coloquei na lista
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Obrigada pelo comentário 🙂
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Nunca tinha ouvido falar em Trebilhadouro, mas achei bem interessante todas as informações. Parece ser um local interessante para um bate e volta e fugir dos roteiros “normais”.
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É, sem dúvida, um destino para fugir ao chamado turismo de massa 🙂
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Que belo lugar, muito poética a sua descrição! Não conhecia Trebilhadouro, agora quero ir pessoalmente…
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Obrigada pelo comentário 🙂
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Vivendo a aprender..nao conhecia este magnifico lugar, a ir brevemente.
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Vale a pena e já agora a Serra da Freita também 🙂
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Muito obrigada! 🙂
https://cronicasdeutopiablog.wordpress.com
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Excelente
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