banhos de sangue, violência e submissão
enchem as ruas, mancham o chão
pisamos, calcámos com desdém
as crianças, jovens e idosos
que sem armas para lutar
estendem a bandeira da rendição
entre sazonalidades de calamidades e acalmias,
esboços guiões de um filme para cegar tiranias
chegam e partem os trovões, mais a luz solar
estamos pouco dotados para estas diversidades
no inverno prostramo-nos,
enredados na teia da escuridão,
na primavera erguemo-nos:
– Kelmti Horra, na profundeza do teu ser,
é premente que te sobreleves outra vez!
Nota da autora: este poema é inspirado no tema “Kelmti Horra”, da cantora tunisina Emel Mathlouthi, voz da ‘Primavera Árabe’. Para quem desconhece, Kelmti Horra significa “a minha palavra é livre”!