1 de novembro de 2018 Um, dois, três… Um, dois, três… Inspirar e expirar… Inspirar e expirar… Nada resulta, nem os truques que o psicoterapeuta me ensinou. Sinto-me devastado, ultimamente a dor é cada vez mais premente. Chega de súbito, sem qualquer pré-aviso, deixando-me frágil. Doente, sinto-me doente. Que mal fiz eu para merecer isto?! … Continue reading Diário de um alter-ego insano
Categoria: Estórias & Crónicas
Crepúsculo à beira-mar
No crepúsculo da noite, entre a linha ténue que separa a luz da escuridão, respiro o ar puro da maresia. De olhos fechados, percorro cada onda que dá à costa; embato nas rochas como um barco a naufragar e atiro-me ao mar. O sufoco do iminente afundar não me deixa respirar. Sinto o peito a … Continue reading Crepúsculo à beira-mar
Diário de um alter-ego insano
outono de 1919 O fim do verão e o início da nova estação já se fazem sentir. As folhas estão a mudar de cor e começam a cair no chão. As primeiras rajadas de vento também deixam as suas mossas, mas o principal mensageiro da mudança é o frio: os agasalhos revelam-se insuficientes para enfrentar … Continue reading Diário de um alter-ego insano
Diário de um alter-ego insano
21 de Abril de 2018 Hoje acordei, após uma noite mal dormida e repleto de tremores, sem vontade de sair da cama. Estou todo suado, por certo estou a ficar doente. Creio que já passou da hora de ir para o trabalho. Mas que diabos, porque não tocou o despertador? Ou esqueci-me de o ativar? … Continue reading Diário de um alter-ego insano
Humanos que preferem ser animais
Os dois acordaram lado a lado, tinham passado a noite enrolados como um casal de apaixonados, contrariando os seus anseios de animais. Não se recordavam muito bem do sítio onde se tinham conhecido, mas preferiam ter ficado aquém daquelas quatro paredes. Tudo parecia correr de feição. Estavam conectados pelo desapreço às trivialidades humanas. Mas algo … Continue reading Humanos que preferem ser animais
Um poeta obscuro é um poeta verdadeiro
Fechado no seu quarto, enclausurado como uma concha, o poeta está sozinho. Cansado de ouvir o telemóvel tocar. Desconectou-se das novas tecnologias. Deixou de ver os amigos e familiares. Movido por um ímpeto de profunda saturação, despediu-se do trabalho que mantinha por ‘fachada’; daqueles que servem apenas para pagar as contas ao final do mês. … Continue reading Um poeta obscuro é um poeta verdadeiro
Epifania do preto e do branco
Para uns, metade da vida é passada à procura de um sentido e o resto a descobrir formas de como lá chegar. Para outros, a filosofia do carpe diem impede-os de pensar em algo mais do que o simples passar dos dias. Tanto uma posição como outra se configuram de extremos. Por um lado, ignora-se … Continue reading Epifania do preto e do branco
Um livro pela tua ausência no Natal
Rosa era uma jovem de vinte e tal anos, com uma enorme paixão pelo mundo da escrita. Natural de uma pequena aldeia, nunca sentiu que pertencesse realmente àquele lugar, como se a sua casa estivesse num outro sítio, mas não ali. Custava-lhe a ideia de partir e de … Continue reading Um livro pela tua ausência no Natal
II
Multiplicam-se as receitas dos remédios e bebidas para curar maleitas. Em porções desproporcionadas da realidade servem-me as soluções líquidas para as minhas dores. Perdoem-me os crentes, mas desconfio da veracidade de esoterismos. Desculpem-me os filósofos, mas as vossas teorias não são as minhas. Que não me batam os psicólogos e psiquiatras, mas os vossos comprimidos … Continue reading II
Prelúdio de nada (Parte II)
O tempo passa velozmente. Cedo nasce o sol e depressa se levanta a lua. Sucedem-se os dias, meses e anos. Sucedem-se as estações. Uma sucessão de sucessões sem fim, mas nem damos pelo tempo passar. Observamos as divagações nas cores das pinturas que moldam as paisagens. Mostramos mais, ou menos pele, consoante os graus que … Continue reading Prelúdio de nada (Parte II)